Tentei enumerar meus pensamentos e senti vontade de poder lembrar
de todos eles, acho que pensei algumas boas coisas pela manhã.
Mas já faz tanto tempo pra lembrar... deixei-os no ar, pro ar. (...)


terça-feira, 9 de junho de 2015

Todas as coisas que me vieram e me tocaram algum dia - elas estão todas aqui.E é por elas que eu ouço música. E por tudo o que a música faz, por tudo o que se faz com música, eu estava a tricotar alguns sonhos com pontos sem nó e tive uma vontade de ir pra algum lugar - perto da praia e com gente que goste de gatos, cerveja, psicanálise, de dança, de olhar mais pro céu e de dar mais risada. Quis ter mais tempo pra cuidar de mim e fazer o que gosto, de prestar mais atenção na minha própria respiração. Mas, uma vontade assim era como pular de olhos vendados de qualquer dois andares, poste, montanha, precipício - era quase um salto em queda livre - pra dentro de si e pra fora do mundo. E aí eu pensei...

sábado, 30 de agosto de 2014

Volta e meia, voltas inteiras... Por onde andava? A sua melhor parte, eu quis dizer, a qual te move. Por que eu espero muito que você ainda lembre das delícias de um caminho. Eu quis dizer, por onde anda a tua alma limpa? Tua alma de criança que é tão ousada quanto inofensiva diante do novo. Por onde anda o teu instinto? Tua habilidade de fazer milagres, de se superar a cada instante? Por anda o teu desejo, tua audácia, por onde anda o teu amor mais bonito por si mesmo? Eu descubro minha melhor parte todos os dias, e a regra é só uma: movimento. Mover-me diante da vida é a minha sensação mais gostosa desse mundo. Mover-me diante do meu desejo é minha vaidade mais pura, mais intensa. É a minha melhor fidelidade, e quanto a isso, não aceito palpites. Eu ando e andando crio meu caminho, somo o que acho bonito no mundo pro meu. Tenho as passagens em mãos, combustível nos pés. Hoje eu escolho o meu destino.
Não ao ser estático e imóvel, que se permite ser só pouco por preferir sempre parecer correto, completo, concreto. Sim ao ser estado de espírito que se deixa evoluir pelo que sente, e que pelo sentido que internaliza se transforma. Sim ao que transgride sua própria natureza por não se contentar em ser algo ou coisa dita. Por não querer ter a frieza daquilo do que é óbvio - mas nem ser tão vago em um completo subjetivo. Ser pela essência do ser equilibrada justamente por não ser homeostática. Por ser essência que diante do inesperado se supera, se restabelece, se transcende. ‪

domingo, 9 de março de 2014

E acabo mostrando a mim mesma o meu maior e mais sutil sintoma: em tudo, tão logo depois do início, já me vem a vontade de interromper. Antes de ir pra segunda linha penso se esse é de fato o início que quero pra minha nova confissão. Não me dou a resposta, e ainda pensando a respeito resolvo continuar a desentulhar essas palavras. Pelo que sei isso que vem sem que coloquemos barreiras é material muito rico a título de análise. Mas é difícil não tomar cuidado com as palavras, difícil não voltar algumas casas e arrumar a concordância de uma ou duas colocações. Antes de escrever minha nova frase desejo desesperadamente ler a anterior, por que as vezes duvido que a nova faça sentido. (Ou seria por que lhe temo?). De fato, sempre faz algum sentido pra mim. Eis que duvido: pra quem escrevo agora? Achei que a interrogação seria a melhor forma de eu mesma me indagar a respeito. Mas, qual "Outro" estaria em jogo nesse meu novo arranjo de palavras que construo agora? Estou tentando escrever meus pensamentos a medida que eles me invadem e construo o texto, mas isso não é uma tarefa muito fácil. Não posso lhe contar todos os meus segredos: eles deixariam de existir. Tento me recordar o que exatamente me trouxe aqui hoje, mas parece que essa coisa já esta querendo ir embora, não quer me dizer seu nome... Como sempre faz. Por isso, desconfio de mim mesma. Sei que com facilidade ando desistindo das coisas. Por muitas vezes me pego desistindo até mesmo de pensar, e quando aquele pensamento vem lhe grito: silencio! eu não te quero agora. Logo novas nuvens de pensar vão vindo... Mas ora, não seria perfeito poder controlar tudo o que se pensa desta forma? Ordenando-os a ir embora? A questão é: eles apenas adormecem. Pairam... suspirando suas queixas, a mercê da parte mais ativa do meu consciente. E mesmo mergulhados em um sono pesado, continuam a fazer barulho, parece que insistem em me ter por perto. A pergunta é: qual será a melhor hora que querê-los por perto? Quando será possível marcarmos uma conversa, frente a frente? Bem...
E o sol vai indo ... e a gente pensa que acabou. Doce e constante vício humano de ter que dividir o tempo em blocos pra tentar ver razão... no que não precisa disso. O sol vai indo... mas pra que outra parte do mundo ilumine, enquanto a noite vem cantando o seu frescor. Num dos mais lindos ciclos da natureza da pra ver que na verdade nada acaba, a vida somente continua...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Se por hora o sono não vem, alguma outra coisa vem no seu lugar. Aparece uma lacuna feita por insônia, tão oca e tão cheia de tanta coisa ao mesmo tempo. Cheia da estranha vontade de não querer tanto pedir, nem querer tanto planejar. Cheia de um bem querer maior de agradecer tudo o que me veio e me vem. Meu riso é fácil, e a lembrança é boa pra degustar. Junto ao cansaço do dia vem a vontade de um dia inteiro pra se viver, de uma noite inteira pra ver o céu ficar azul marinho e depois ir clareando de baixo pra cima. Hmmmmm.... é. (E aquele suspiro de quando a gente encaixa a cabeça no travesseiro).A naturalidade da vida hoje é meu Deus, e a espontaneidade do mais pequeno ato é minha promessa de felicidade e fé. Vou sendo...

domingo, 17 de novembro de 2013

Dizia em pensamento: algo sempre nos falta... E pensava (em tom baixo pra não assustar): ainda bem. Ainda bem, é... por que é só com ausência que existe o espaço pra algo novo acontecer. Pode parecer confuso pensar que é só pelas brechas que é possível expandir, mas você pode perceber o quão incrível é essa confusão. Incrível pensar que não somos felizes na completude e sim na busca de que cada detalhe seja completo, por que a completude infinita não existe nessa vida. Penso que a felicidade vem com a vontade de que cada detalhe faça sentido. Na natureza o rio que transborda sempre cede a sua água pro solo pra poder ganhar mais água do céu. No humano é a falta que traz o desejo, a fome. O dia cheio traz a falta de tempo... e o tempo sempre traz algo e sempre traz a falta de algo. Pensava e pedia: que algo sempre me falte, mas que o vento verde de esperança que eu resolvi imaginar agora sempre me bagunce os cabelos, trazendo graça pra esse eterno brincar de esconder...
"— Por que não ter memórias? Os buracos negros, eu quis dizer. Mas fiquei quieto, desejando apenas ter um disco qualquer de cítara tocando para que nesse momento pudéssemos interromper a conversa para prestar atenção num acorde qualquer entre duas cordas, mais um silêncio que um som. Sempre podíamos ouvir a chuva, seu bater compassado na vidraça. Ou acompanhar com os olhos as gotas escorrendo atrás do roxo e do amarelo. De pontos diferentes, às vezes duas gotas deslizavam juntas para encontrarem-se em outro ponto, formando uma terceira gota maior. Mas talvez ele achasse tedioso esse tipo de diversão. —Ter memórias — repeti." Caio F.