de todos eles, acho que pensei algumas boas coisas pela manhã.
Mas já faz tanto tempo pra lembrar... deixei-os no ar, pro ar. (...)
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Hoje acordei meio cansada. Cansada de ter que ser forte o tempo todo. De manter essa atmosfera contra-raios em volta de mim pra poder me sentir protegida dessas minhas próprias tempestades. É como viver brincando de gato e rato consigo mesma em busca de um queijo. Do melhor e do mais amarelinho. O qual você sonha e lambe os bigodes desde ratinho menor. Queria ter coragem pra dizer - Quer saber? dane-se o queijo. Tenho coragem pra tanta coisa, mas tanta. Só não tenho de abandonar essa minha vontade louca e atordoante de ter que sempre encaixar todas as pecinhas. De ter que ter pra mim nada menos do que satisfaça completamente. Nada de meia boca, de meia 3/4. Por que mais do que esse laço que prende o meu pescoço e me confunde e me tortura e sacaneia minha respiração. A pior tortura sou eu que faço. Se outrora me permito, às vezes acho que sou muito cruel comigo mesma. Me martilho, dilacero, chego na carne viva. Pensar dói. Você só sabe que já não está na parte rasa da piscina quando não te da mais pé. Diria você que é perigoso? Que talvez devesse voltar a beira e que eu posso me afogar? Tudo bem. To cansada, mas to bem aqui. Andei pensando e sabe, aprender a nadar sozinha é bem melhor.
"— Por que não ter memórias? Os buracos negros, eu quis dizer. Mas fiquei quieto, desejando apenas ter um disco qualquer de cítara tocando para que nesse momento pudéssemos interromper a conversa para prestar atenção num acorde qualquer entre duas cordas, mais um silêncio que um som. Sempre podíamos ouvir a chuva, seu bater compassado na vidraça. Ou acompanhar com os olhos as gotas escorrendo atrás do roxo e do amarelo. De pontos diferentes, às vezes duas gotas deslizavam juntas para encontrarem-se em outro ponto, formando uma terceira gota maior. Mas talvez ele achasse tedioso esse tipo de diversão. —Ter memórias — repeti." Caio F.