Tentei enumerar meus pensamentos e senti vontade de poder lembrar
de todos eles, acho que pensei algumas boas coisas pela manhã.
Mas já faz tanto tempo pra lembrar... deixei-os no ar, pro ar. (...)


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

 Sexta-feira. Madrugada. Seis. Seis motivos e sessenta segundos se fazem como 6 mil anos. É, e aí resolvi sair. Rever alguns amigos, beber uma vodka. Fui, voltei. Bem antes da 6. Minha mãe no sexto sono se espanta e antes que me venha com mais 6 perguntas  à respeito do por que o meu dar as caras tão cedo: -Boa noite mãe. Fui brincar de espelho meu. Meu espelho nem sempre diz o que eu quero ouvir. Mas é bem sincero comigo. Então olhei pra ele, sentindo o cheiro de cigarro que vinha dos meus cabelos,  percebi o quão eu quero que eles cresçam. Escovei meus dentes e desejei que tão logo fiquem brancos de uma vez. Troquei de roupa e me lembrei o quão eu gosto de ficar de pijama e de me sentir leve e confortável. Algodão, primeira gaveta. Por sua vez, fechei os olhos e tirei o preto dos meus olhos, ao abri-los me dei conta o quão me gosto mais sem toda aquela maquiagem. O quão eu gosto de me sentir limpa. E aí, se sabe, começo a pensar. Me esqueço, me perco, me acho. Acho que já devo ter te falado, mas eu gosto muito da madrugada. É meu banquete pra pensar. E ultimamente e ando pensando tanto, me perguntando tanto e só me respondo com meus silêncios. Mas é em noites como essa que eu desacelero e percebo que eu to mudando. Que mesmo que meu cabelo comprido me deixe confiante e poderosa, eu imploro desesperadamente a mim mesma que me conceda o poder de confiar em alguém. Percebo que mais do que meus dentes brancos eu preciso de sorrisos brancos. Brilhantes. E que conheço alguns. Descubro que assim como meu pijama leve e confortável, eu amo tanto, tanto, me sentir leve. Brincar de ser brisa e quando preciso ser vento. Poder ir lá pra cima e ficar confortável nos braços de Deus. Também sei que mais do que meus olhos pretos e que a madrugada, eu amo a claridade. Que sou viciada em esperança e amo a tua cara lavada. Amo a minha cara lavada e amo ficar de frente comigo mesma assim, frente as minhas mais de 6 milhões de vontades e perguntas, mesmo que isso só me faça perder a hora. 

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"— Por que não ter memórias? Os buracos negros, eu quis dizer. Mas fiquei quieto, desejando apenas ter um disco qualquer de cítara tocando para que nesse momento pudéssemos interromper a conversa para prestar atenção num acorde qualquer entre duas cordas, mais um silêncio que um som. Sempre podíamos ouvir a chuva, seu bater compassado na vidraça. Ou acompanhar com os olhos as gotas escorrendo atrás do roxo e do amarelo. De pontos diferentes, às vezes duas gotas deslizavam juntas para encontrarem-se em outro ponto, formando uma terceira gota maior. Mas talvez ele achasse tedioso esse tipo de diversão. —Ter memórias — repeti." Caio F.