Tentei enumerar meus pensamentos e senti vontade de poder lembrar
de todos eles, acho que pensei algumas boas coisas pela manhã.
Mas já faz tanto tempo pra lembrar... deixei-os no ar, pro ar. (...)


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Tento entender porque diabos anda sendo tão difícil manter a concentração por 5, 10 minutos. Essa minha ansiedade anda, no mínimo, acabando comigo. Diga-se de passagem que sempre foi assim. Enquanto todos os outros relógios almoçavam, o meu já estava a procura de um café, um bolinho de fubá... E o nome disso não é gula, caso você não seja muito bom em metáforas, é ansiedade mesmo. Eis o problema de andar rápido demais. A única coisa que me faz parar quieta é quando sento, aliás deito, aqui pra escrever. Desentulhar tudo o que fica de um lado pro outro na minha cabeça. E mesmo assim eu continuo ouvindo os barulhos lá de fora, os meus gatos que não param com alguma coisa barulhenta la na sala, que coisa? também andei pensando nisso.Os pingos da torneira da cozinha, a música que o vizinho ouve. Me peguei a alguns segundos pousando os olhos sobre uma mosca, e enquanto olhava pra ela lembrei que ainda preciso ler, desculpe me a expressão, uma porrada de coisa e não estou com a mínima vontade disso...Ok.
"— Por que não ter memórias? Os buracos negros, eu quis dizer. Mas fiquei quieto, desejando apenas ter um disco qualquer de cítara tocando para que nesse momento pudéssemos interromper a conversa para prestar atenção num acorde qualquer entre duas cordas, mais um silêncio que um som. Sempre podíamos ouvir a chuva, seu bater compassado na vidraça. Ou acompanhar com os olhos as gotas escorrendo atrás do roxo e do amarelo. De pontos diferentes, às vezes duas gotas deslizavam juntas para encontrarem-se em outro ponto, formando uma terceira gota maior. Mas talvez ele achasse tedioso esse tipo de diversão. —Ter memórias — repeti." Caio F.