Tentei enumerar meus pensamentos e senti vontade de poder lembrar
de todos eles, acho que pensei algumas boas coisas pela manhã.
Mas já faz tanto tempo pra lembrar... deixei-os no ar, pro ar. (...)


domingo, 14 de novembro de 2010

"La dolcezza di essere solo"

 A Itália é um país incrível. Estava ainda mais incrível ontem a noite. Talvez seja uma grande besteira da minha parte fantasiar esse tipo de coisa, mas tenho um certo preconceito com o obvio. Ontem a noite, como eu disse, lá estava eu pela itália. É comum que a ausência de algo ou alguém... ou coisa qualquer, nos leve a viajar por aí. Isso acontece muito comigo. É quase como a sensação de quando se adormece e sonha profundo, você pode sonhar com coisas que nunca fez na vida. Com música, cor, cheiro. Pode saber exatamente como qual é o gosto, sem nunca ter experimentado aquilo se quer uma unica vez. O poder que a mente tem é tão absurdo e ousado que é possível se sentir com 30, 40 anos mesmo ainda só tendo apagado 18 velhinhas. Sabe, minha intuição é mais agussada do que eu gostaria que fosse, e todos esses sinais que ela me da, só me traz mais vontade de saber o que vem pela frente. Saber as coisas pela metade pode ser detestável...  só sentir, sentir, e esperar. Muitas vezes parece que eu sei que o que vai acontecer comigo.  As vezes me vejo sozinha e me vejo precisando dessa solidão. Muitas vezes sinto vontade de entender o por que não consigo me apegar a um só lugar, por que não consigo querer estar em um só lugar e com uma só pessoa. Antes que suponha loucura, considere que desde pequena nunca fiquei mais que três anos em um cidade. Acho que isso me consola. É meu primeiro ano de novo em outro lugar, e eu já estranho essa minha vontade de ir embora daqui. É porque as vezes me perco e nem sempre me acho, eu vivo a minha procura.
"— Por que não ter memórias? Os buracos negros, eu quis dizer. Mas fiquei quieto, desejando apenas ter um disco qualquer de cítara tocando para que nesse momento pudéssemos interromper a conversa para prestar atenção num acorde qualquer entre duas cordas, mais um silêncio que um som. Sempre podíamos ouvir a chuva, seu bater compassado na vidraça. Ou acompanhar com os olhos as gotas escorrendo atrás do roxo e do amarelo. De pontos diferentes, às vezes duas gotas deslizavam juntas para encontrarem-se em outro ponto, formando uma terceira gota maior. Mas talvez ele achasse tedioso esse tipo de diversão. —Ter memórias — repeti." Caio F.