Tentei enumerar meus pensamentos e senti vontade de poder lembrar
de todos eles, acho que pensei algumas boas coisas pela manhã.
Mas já faz tanto tempo pra lembrar... deixei-os no ar, pro ar. (...)


terça-feira, 9 de novembro de 2010

chá de borboleta

1, 2, 3, cinquenta e três. A parte doce do meio amargo. No frio, cachecol feito caracol enrolado no pescoço. Comum que nessas épocas do ano as doenças e viroses saiam à passeio feito cobras com água na boca rastejando por vítimas. Conheço uma que ataca o coração, tão bela e venenosa, chama-se paixão. Primeiro é enfeite como conversa de curandeira, depois brinca de ser cupim e corrói toda a madeira. Sai à francesa, pisa na mesa, deixa a vela... acesa. Deve-se alertar a todos que a vacina é traiçoeira, podendo ser apenas passageira. À essas desastrosas impetuosidades recomenda-se chá de borboleta, pássaros da alma, que voam de olhos abertos. Que voam os olhos, abertos.

Tinha escrito esse textinho no fursie.blogspot.com (maldito você que me roubou), senti vontade de postar ele aqui hoje. Boa noite.
"— Por que não ter memórias? Os buracos negros, eu quis dizer. Mas fiquei quieto, desejando apenas ter um disco qualquer de cítara tocando para que nesse momento pudéssemos interromper a conversa para prestar atenção num acorde qualquer entre duas cordas, mais um silêncio que um som. Sempre podíamos ouvir a chuva, seu bater compassado na vidraça. Ou acompanhar com os olhos as gotas escorrendo atrás do roxo e do amarelo. De pontos diferentes, às vezes duas gotas deslizavam juntas para encontrarem-se em outro ponto, formando uma terceira gota maior. Mas talvez ele achasse tedioso esse tipo de diversão. —Ter memórias — repeti." Caio F.