de todos eles, acho que pensei algumas boas coisas pela manhã.
Mas já faz tanto tempo pra lembrar... deixei-os no ar, pro ar. (...)
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Tem dias que me faltam as vontades. Mas hoje eu tenho muitas delas. Fui do zero ao infinito desde que acordei pela manhã. Rodopiei por entre as horas. O ponteiro das 15 pra 6 me tirou da cama enquanto o das 6 horas indignado protestava essa bobagem. Um segundo muda tanta coisa, quem dera eu ter mais 15 minutos e milhões deles pra pensar. 1, 2, 3 da tarde, 7 da noite. Final de noite... costumo pensar em excesso agora. Aliás, essa hora me traz muitos excessos. Excessos também podem ser saudades, e as vezes chego a sentir saudades de coisas que mal sei nomear. Talvez elas não tenham mesmo um nome. Saudade um dia já foi vontade, ou ainda é. E hoje eu tenho muitas vontades. Por um momento ou talvez muitos deles, quis ir morar na praia e viver de sol, e pôr do sol. De mar, peixe, camarão e Maria Gadú. Eu só... "quero um pouco mais... não tudo."
"— Por que não ter memórias? Os buracos negros, eu quis dizer. Mas fiquei quieto, desejando apenas ter um disco qualquer de cítara tocando para que nesse momento pudéssemos interromper a conversa para prestar atenção num acorde qualquer entre duas cordas, mais um silêncio que um som. Sempre podíamos ouvir a chuva, seu bater compassado na vidraça. Ou acompanhar com os olhos as gotas escorrendo atrás do roxo e do amarelo. De pontos diferentes, às vezes duas gotas deslizavam juntas para encontrarem-se em outro ponto, formando uma terceira gota maior. Mas talvez ele achasse tedioso esse tipo de diversão. —Ter memórias — repeti." Caio F.