Eu fico ouvindo passos...

Não tenho ninguém por perto agora. Não quero ter. Mas penso em muitas delas e derrepente elas vem... e logo vão embora. Algumas pisam muito forte. (Penso em pedir calma, mas não devo pedir algo que não tenho). Brinco de ouvir barulhos quando fico sozinha, isso evita meu tédio. Minha memória está cada dia pior, as vezes é trabalhoso lembrar de coisas simples... do almoço, da última roupa ou cor de esmalte. Mas certas coisas são tão fáceis de se lembrar... contrariando a física eu fico e vários lugares num só segundo. Contrariar, também adoro contrariar. Na maioria das vezes brinco disso comigo mesma. Bom, deixa pra lá, sem nostalgias agora. Desculpo-me pelo drama, mas hoje o sol calado me recusou um bom dia pela manhã. Certa hora olhei por entre uma fresta da cortina, não tive vontade de sair do sofá. Talvez amanhã façamos as pazes. Mas hoje não, hoje me faltam muitas vontades. As vezes as palavras fluem e eu começo a escrever sem saber por que e sobre o que, mas as coisas estão um pouco difíceis. Ainda é zero hora... e é dia de nada. Amanhã começa a primavera, espero que as coisas melhorem por aqui.

"O que tenho me entra pela pele... eu quero a verdade que só me é dada através do seu oposto, de sua inverdade. E não agüento o cotidiano. Deve ser por isso que escrevo. Minha vida é um único dia. E é assim que o passado me é pre­sente e futuro. Tudo numa só vertigem. "